sábado, 1 de dezembro de 2007

[doc-m] grazielle [cartilha]

A aula do dia 23 de novembro de 2007 consagrou-se como aquela que deu fechamento ao ciclo proposto pelo professor Fred. Após alguns meses desenvolvendo exercícios relacionados aos textos discutidos em classe, o desafio final seria trabalhar com uma CARTILHA, elemento que se constitui como um instrumento de conscientização e sensibilização do seu usuário para alguma finalidade, em nosso caso, a educação patrimonial
Antes de dar início as atividades, o professor nos explanou sobre a avaliação formal e seu conteúdo, ao colocar no quadro todos os textos discutidos durante o semestre e que assim foram o embasamento para as aulas da disciplina. A idéia de uma aula de fechamento, despertou algumas curiosidades na turma, sobre o que teríamos alcançado, número de palavras chaves e documentários e outros aspectos que tornariam-se agora fatos concretos para auxiliar nos estudos.
Em seguida, assim, o professor deu uma introdução ao conteúdo do próximo exercício. Em suas mãos encontrava-se a Cartilha “Preservação do Patrimônio Cultural” coordenada pelo arquiteto Altamiro Bessa.



















A cartilha foi explicada em todas as suas partes (Introdução, Conceitos e Perspectivas, Herança para o futuro etc) e assim, iniciou-se uma pequena discussão sobre a funcionalidade deste instrumento. Alguns questionamentos foram levantados, como qual seria uma abordagem ideal para este tipo cartilha, sua formatação, layout, conteúdo, enfim, como poderia ser a construção e criação da mesma, de tal forma que esta criação garanta ou pelo menos desperte em seu usuário os objetivos de conscientização patrimonial. Nesse momento surge então a palavra “contemplação” atribuída a este tipo de trabalho, que na verdade possui uma intenção em desconfigurar esta ação apenas. A intencionalidade de uma cartilha não se resume apenas a educar o indivíduo para que ele colabore na preservação de monumentos e assim, os contemple de forma a não gerar impactos negativos aos mesmos. A intenção vai muito além de tudo isso... assim, o desafio se torna criar uma relação de construção de conceitos e percepções entre esse patrimônio e seu usuário, de modo que ambos necessitem manter uma interação, provocada pela cartilha e que assim, não irá se resumir apenas em conceitos e palavras de boa ações já previamente definidos.
E mais uma vez a aula nos remeteu a outras lembranças vivenciadas no decorrer do semestre. Surgiu neste momento a recordação da viagem à Ouro Preto, realizada com apenas alguns alunos da turma. A intenção da visita que fugia ao padrão dos trabalhos realizados nesse sentido, era despertar nos alunos uma provocação para construir um conceito do local, a partir da sua interação com moradores locais. Construir conceitos não-fechados e tradicionais, mas aqueles embasados na experiência vivenciada em alguns minutos, horas, dentro das casas dos residentes da cidade. E assim, mais um questionamento, seria esse um conhecimento “cientifico”? Alguns alunos colocaram-se contra ao mesmo momento, mas ao discutir a essência desse conhcimento, a funionalidade desta visita orientada por um roteiro prévio e com objetivos, alguns posicionamento foram modificados (como o meu), mesmo compreendendo a resistência de atribuir à esta atividade uma caracterização científica. Bem, o professor precisva dar continuidade a explicação dos exercícios e assim, interrompemos a discussão que poderia render horas e horas por ali... aula típica de sexta-feira sempre acompanhada em alguns momentos pela trilha sonora da música “Aquarela” e “Hino Nacional Brasileiro” tocada na escola vizinha e que sempre esteve presente em nosso ouvidos neste período.
Contudo, nosso professor lançava agora aos seus alunos o desafio de construírem uma cartilha, um pré-esboço, uma idéia, baseada em toda nossa discussão, e agora configurada para o público de jovens estudantes. Os grupos reuniram-se e teriam que desenvolver este esboço com a intenção de provocar uma nova forma de abordagem, tendo em vista que as cartilhas não poderiam ser mais apenas um livro guardado em estantes e gavetas. E assim, a turma começou a sua produção...

Palavra-chave: cartilha
A palavra foi escolhida como palavra-chave da aula porque consegue expressar de forma abrangente todo o conteúdo exposto. Considerando a cartilha como “instrumento que defende uma doutrina” ou até mesmo “pequeno livro que se aprende a ler”, “tratado rudimentar de qualquer matéria”, a cartilha pode ser caracterizada como um instrumento que possui alguma intenção em instruir, consientizar, sensibilizar, comunicar uma informação importantes, sobre qualquer assunto (dentro da intenção) para um público-alvo, usuário do mesmo.

sites
Exemplos de instrumentos de educação patrimonial, descrições etc...
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=45
http://www.iepha.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=92&Itemid=143
http://www.fjp.mg.gov.br/edpatrimonial/descreve.php?co=52&nav=7
http://www.iepha.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=298&Itemid=156
http://home.londrina.pr.gov.br/noticias/indexnovo.php?acao=mostrar_noticia&id_noticia=18968

Noticias
http://www.agenciadenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=15830
http://www.comciencia.br/noticias/2005/10/arqueologia.htm
http://portalamazonia.globo.com/noticias.php?idN=44812&idLingua=1
http://www.correiodailha.com.br/portal/vernoticia.php?idnoticia=00440
http://www.diamantina.com.br/index.cfm?link=mostra_artigos.cfm&codigo=70

[doc-n] ronald [uso]

Na aula do dia 12 de novembro foi estudado o texto: “O Lugar da Cidade depois do Moderno ou ainda tens algo a fazer aqui”, do professor Frederico Canuto, com o objetivo de embasar um posterior exercício que deveria ser desenvolvido pelos alunos. A idéia era criar um roteiro não convencional, que contemplaria atividades de entretenimento em lugares que não são turisticamente famosos, vislumbrando o seu contexto arquitetônico e o uso.
O texto aponta inicialmente para o movimento do planejamento estratégico pós-moderno constituído por diversos campos do saber, como: urbanismo, arquitetura, turismo, serviço social, entre outros e a sua ideologia de transformar a imagem da cidade de uma capital cultural para uma cidade histórica, furtada em sua historicidade – história em atividade. Desenvolvendo a idéia de que a cidade hoje, deve se adequar a uma lógica produtiva, ela adquire uma posição de produto a ser vendido.
Mesmo na modernidade ainda se prevalece a idéia de cultura, com o apontamento para o passado como uma verdade absoluta, a ser preservada sob a égide de publicidades e marcas como “responsabilidade social”, “preocupação ambiental” e “patrimônio cultural”. Mas o autor alerta para uma outra imagem que a cidade possui, sendo ela entendida, na idéia marxista, como um produto de uma lógica cultural maior, com aspectos econômicos, políticos, sociais e arquitetônicos dinâmicos. Assim a preservação patrimonial torna-se meritória de questionamentos, pois ela provoca um mascaramento das vivências urbanas do presente e do futuro.
Neste momento, a palavra uso começa a ser desenvolvida no texto como o principal verbo de reflexão, discussão e aferições. O uso da cidade deve ser compreendido como parte de sua história, merecendo igual respeito e porque não dizer preservação. A preservação do uso da cidade, em todo o seu cotidiano, evocará a preservação da história em sua conceituação temporal. O uso é uma marca registrada da história e não deve ser maquiado, revitalizado ou recuperado; deve ser permitido. Avançando nesse conceito o autor ainda afirma que: “A potência histórico-cultural transformadora da cidade reside na sua própria possibilidade de destruição pelo cotidiano.”- ou seja, a cidade só pode ser histórica se tiver uso.
Ao discutir sobre a experiência da revitalização ou preservação patrimonial o autor inclui uma discussão acerca das ações ou restaurações que vêm apagando os rastros deixados pelas vivências históricas. Citando o filósofo alemão Walter Benjamim e sua referência à cultura do vidro, o autor desenvolve a idéia de que esse processo de envidraçamento também passa sobre o patrimônio construído. Ao se preservar determinadas arquiteturas pode-se observar um envidraçamento, que não permitirá posteriormente, nenhuma fixação de vivências; tudo que vem da ordem do vivenciado e experimentado se escorre – essas arquiteturas apagam os rastros humanos.
Aprofundando nesta temática o autor faz uma alusão imperativa para o tu, esse pronome pessoal, que é secundário na própria história, afirmando que “não tens nada a fazer aqui.” Rememorando os quartos burgueses do século XIX aos dois, três e quatro quartos dos apartamentos da modernidade ele aponta para uma intercessão entre eles – a imposição de um estilo de vida. Para o autor a cidade moderna tornou-se um interior burguês que massificou uma vivência.
É neste ponto de interseção que é apontada uma impossibilidade ainda maior, a de que o usuário, cujo papel é vital, não pode mais contar nem viver uma história na sociedade capitalista moderna. Mas, dentro dessa perspectiva, uma outra alusão imperativa ao “tu” é feita: “Tens tudo a fazer aqui”. Portanto, uma evocação ao processo construtivo de uma história, de um patrimônio e de um habitat torna-se possível. Como foram citados na aula, muitos prédios adquirem uma importância cultural e histórica quando algumas tragédias fazem deles palco de encenação; o prédio 220 da Newton Paiva, após o suicídio do estudante e o Word Trade Center, que teve em sua completa destruição, um alvo muito maior de interesse e até visitação turística. Assim o vazio também aponta possibilidade de construção e edificação cultural. Nesse momento o texto atinge o seu ponto final, sendo de um caráter de reticências(...), pois o autor infere necessidade de levar a cidade do lugar de artefato histórico, para depois do Moderno, a um lugar onde o território urbano seja espaço de luta pela vida, através de sua vivência no cotidiano.

Sites
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/numeros/numeros.asp
http://www.confea.org.br/revista/materias/edicao_08/materia_05/materia.asp
http://imago-urbis.blogspot.com/2006/06/sobre-cidades-comunicao-e-consumo.html
www.vivercidades.org.br
http://www.international.icomos.org/home.htm

Nótícias
http://www.comartevirtual.com.br/InstitutoArtedasAmericas/textFP.htm
http://www.dezenovevinte.net/
http://www.revista.iphan.gov.br/materia.php?id=121
http://www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio/artigos.php?cod=70
http://www.arq.ufmg.br/mom/05_biblioteca/acervo/baltazar_por_uma.pdf

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

[op] henrique + flávia + fernanda alves + léia

[op] sérgio + césar

Instituída como Patrimônio da Memória Nacional a partir de 1933 e tombada pelo IPHAN em 1938, a antiga Vila Rica que em 1980 foi considerada Patrimônio Cultural da Humanidade, pela UNESCO e hoje Patrimônio Histórico Mundial, representa inquestionavelmente a síntese da arte colonial mineira, não apenas pela expressão de sua história, mas pela excepcionalidade do acervo cultural que preservou.
(Secretaria de Cultura de Ouro Preto)


Com um altíssimo poder de atratividade turística, Ouro Preto conhecida internacionalmente por sua rica identidade histórico-cultural, desenvolveu ao longo dos anos um potencial de receptividade aos turistas, tornando uma das cidades mais visitadas em toda Minas Gerais.
Porém, os visitantes que vão a Ouro Preto conhecem a cidade apenas superficialmente, visitando igrejas, museus, pontes e vielas com um único objetivo: ver de perto os patrimônios que compõe o maior conjunto arquitetônico barroco do mundo e tirar algumas fotos para simplesmente comprovar sua presença no local.
A proposta da visita técnica trabalhada pela disciplina de Educação Patrimonial designada pelo professor Frederico Canuto era simplesmente contrária a essa idéia do olhar do turista sobre a cidade e seus monumentos. Ao invés de trabalharmos os atrativos turísticos, como por exemplo, a Praça Tiradentes – coração da cidade – os grupos foram direcionados a parte baixa de Ouro Preto, onde a finalidade era obter contato direto com os moradores para conhecer sua relação com o espaço em que vive e fazer parte dele por alguns instantes.
Com o traçado a ser percorrido já definido, o primeiro contato feito foi na estação do maior projeto de educação patrimonial do Brasil, o Trem da Vale. Incrementando as atratividades turísticas na região de Ouro Preto e Mariana, o projeto recuperou o trecho ferroviário entre Ouro Preto e Mariana, com 18 km de extensão. Apesar de manter programas de educação patrimonial destinados à comunidade e aos visitantes, podemos notar que público freqüente naquele momento era apenas de turistas, sendo em sua maioria, estrangeiros.
Lá, tivemos o prazer de conhecer Sr. Vinícius, responsável pela equipe de funcionários da estação, que nos recebeu enquanto fazia o embarque dos passageiros. Um encontro bem rápido, pois a próxima saída estava por vir, ele nos contou que mora em Mariana e desde 1986 trabalha na ferrovia. Acostumado com o vai-e-vem da locomotiva todos os dias, ele ressalta a importância do resgate do eixo-rodoviário que agora, possui outros objetivos com sua função cultural e turística. “Vale a pena conhecer e participar dessa viagem que retorna ao passado. Nela é possível conhecer as riquezas naturais de Minas Gerais passando por paisagens impressionantes” diz Vinícius. Por morar em Mariana, tem a oportunidade de ir para a Estação Cidadania/Ouro Preto e voltar para sua casa quase todos os dias a bordo dos vagões puxados pela Maria-Fumaça.
Por faltar apenas alguns minutos para o início da viagem, nos despedimos na certeza de que mesmo pelo projeto ter objetivo de integrar a comunidade local, os moradores não participam deste atrativo que é considerado a maior ação no Brasil voltado para a educação patrimonial.
Próximo a Estação, buscando atingir as situações propostas pelo trabalho, seguimos o itinerário demarcado pensando como poderíamos atuar nessa difícil missão de fazer parte do cotidiano daquelas pessoas que moram ou que passavam ao longo do nosso caminho.
Para planejar nosso trabalho, além de esfriar a cabeça naquela manhã quente, resolvemos parar em um bar, que na verdade era um dos butecos “copo-sujo” da cidade.
Sem imaginar na história que ali ia ser construída, solicitamos ao dono do bar que estava no balcão, algumas fichas de sinuca e uma cerveja. Muito simpático, Euzébio o proprietário do bar, retirou a lona que encobria a mesa de sinuca e trouxe nossa bebida. Após nossa primeira partida, resolvemos então convidá-lo para fazer parte daquela situação que estávamos construindo, logo ele aceito, e ao contrário do que imaginávamos, a integração foi muito natural. A cada partida, aqueles que estavam no local, também interagiam na situação, sendo palpitando em jogadas ou até mesmo jogando conosco.

Conversando com Euzébio confirmamos o fato que presenciamos na Estação. Realmente a presença de moradores no atrativo é muito pequena. Desde a inauguração do trecho ferroviário Ouro Preto – Mariana, o mesmo nunca teve oportunidade de ir, pois o valor é muito alto. “R$18,00 é o valor da viagem de ida e volta. Isso é só pra turista! Apesar de ter muita vontade de conhecer, até porque todos os dias ouço o apito dele e por passar na minha porta, não tenho condições de pagar esse valor” explica Euzébio.
Religioso, ele conta que sempre freqüenta as missas em algumas igrejas da cidade além de participar de algumas intervenções, manifestações culturais e eventos, como por exemplo, Festival de Inverno e Semana Santa.
Para ele, os patrimônios e atrativos de Ouro Preto são imensamente importantes para a oferta de empregos e por gerar renda pra cidade. Apesar de fazer o uso dos patrimônios, identifica que o alto fluxo de turistas as vezes atrapalha o movimento dos moradores nesses locais e em algumas vezes, não se sente parte integrante daquele cenário.
Há apenas um ano como proprietário do bar, trabalhava antes em um depósito de material de construção e hoje em dia, conta com a ajuda de sua esposa o ajuda no atendimento, inclusive no preparo dos aperitivos para seus clientes.
Após aproximadamente uma hora e meia dentro do estabelecimento, interagindo com o ambiente e os moradores locais que naquele momento usavam o espaço do bar como momento de descontração, fomos embora satisfeitos com a troca de experiências relacionadas ao uso da cidade de Ouro Preto.

A melhor experiência de relação com moradores locais, estava por vir. Buscando a oportunidade certa, o local propício para a construção da situação e um diferencial nas histórias que provavelmente seriam construídas pelos demais, nos deparamos com uma casa bem simples e humilde, que com seus “puxadinhos” e varais espalhados por todos os lados, representavam bem a vida e dia-a-dia do cidadão ouro-pretano.
Ainda com um pouco de receio de ser mal recebido, entramos no corredor de acesso a casa e com a porta aberta, pedimos licença a um senhor idoso que estava sentado sozinho à mesa. Imediatamente, por várias portas dos cômodos, as pessoas vinham saber quem estava conversando com aquele que posteriormente, descobrimos ser o bisavô da família. Sr. Gumercindo, muito simpático e disposto, logo nos ofereceu para sentar. Achamos aí, a oportunidade certa para desenvolver nossa missão.
Ao entrar na residência e nos apresentar, sentimos já interesse dos moradores em saber o motivo da nossa visita inesperada. Convidados novamente a sentar, nos foi oferecido um delicioso suco de laranja, depois de alguns papos, descobrimos que uma das moradoras da casa, filha da Maria Aparecida também estuda Turismo, porém curso técnico oferecido pelo Cefet. A partir daí, desenvolvemos nosso primeiro “gancho” para uma discussão sobre o turismo na cidade.
Assim como Euzébio, o dono do bar, toda a família é muito religiosa e freqüentadora das missas de algumas igrejas barrocas do conjunto arquitetônico da cidade.
Atentos a nossa explicação sobre nosso trabalho acadêmico e dispostos a ajudar, conseguimos mobilizar simplesmente todos que estavam na casa para um bate-papo a respeito do turismo da cidade e seu rico patrimônio, assim como questões políticas de Ouro Preto.
Surpreendemos com o quanto Maria de Fátima, Maria Aparecida, Vicente, Carlos e os demais estão envolvidos com a cidade e com a consciência de preservação dos monumentos. Eles nos informaram que desde o ensino fundamental, as crianças recebem informações sobre noções de preservação e conscientização do uso dos patrimônios para que no futuro, possam se sentir parte integrante do ambiente em que vivem, além de protetores da cidade.
Vicente retrata que o único empecilho de morar numa área de Patrimônio Histórico Mundial, é referente à burocracia existente contra construções e modificações das residências dos moradores. A necessidade de apresentar projetos à Prefeitura e ao IPHAN é muito desgastante e exige inicialmente um investimento de aproximadamente, R$2.000,00 sem ter a certeza de que terá retorno positivo. É necessário seguir as obrigações impostas, que na maioria das vezes, contradiz os desejos dos moradores.
Atualmente há vários projetos embargados na Prefeitura, já que a aprovação não depende somente dela. Por sorte, a casa no Bairro Antônio Dias de aproximadamente 55 anos, teve seu projeto aprovado e hoje em dia abriga 3 famílias. De acordo com relatos, muitos infelizmente não tiveram a mesma oportunidade e tiveram que simplesmente desmanchar tudo que haviam construído.
Referente a atividade turística no local, Vicente e Luiz possuem a mesma opinião. O desenvolvimento turístico sustentável em Ouro Preto traz novas oportunidades de emprego, geração de renda e circulação da economia local, proporcionando a comunidade um envolvimento maior com a atividade. Porém, em contrapartida concordam que Ouro Preto não possui infra-estrutura e não comporta confortavelmente o número de turistas que recebem.
Em eventos como o carnaval, a cidade fica completamente tomada por pessoas vindas de todas as partes, do Brasil e do mundo, atrapalhando o dia-a-dia desses moradores. O grande fluxo altera a rotina de todos que, possuem apenas duas opções: participar do evento ou simplesmente, se trancar em casa.
Ao serem questionados da reação que têm durante o carnaval, Vicente e Luiz afirmam que participam da festa e também recebem turistas, que na verdade tornaram amigos da família. Alguns freqüentam a casa, para tomar banho, comer e descansar há aproximadamente 8, 10 anos e a cada ano que passa, recebem mais pessoas. Orgulhosos, afirmam ter recebidos até finlandeses, sem nenhum problema com a língua estrangeira.
Após vários assuntos, começamos a conversar coisas ainda mais informais como relação ao Natal da família, pois é composta por muita gente, todos dizem satisfeitos que é uma verdadeira festa. Eles se reúnem na casa, que se torna pequena para a celebração. É necessário usar o espaço da rua, que por si só, torna um convite para outras famílias participarem do evento. “Não precisa nem chamar e convidar, pois os vizinhos já sabem da grande festa realizada e participam há muito tempo da Noite de Natal!” afirma, Maria de Fátima.
Posteriormente, a atividade foi encerrada com um convite de retorno à casa, que muita humildade, simpatia e receptividade, conquistou nós dois. A experiência única de participar por alguns instantes da tarde de sábado dos moradores, sem dúvida alguma fez repensar na importância do envolvimento dos moradores de uma cidade de alto grau de potencialidade turística, com os turistas.
Percebemos após todo trabalho feito durante esse dia que o turismo não é simplesmente dotado de coisas materiais com denominação de patrimônios ou de importâncias ambientais, mas sim de todo um valor emotivo que moradores daquela localidade tem por os edifícios ou pela natureza que ali está presente por de varias maneira afetar sua vida. Não apenas os moradores mas os próprios turistas que conhecem profundamente o cotidiano daquela localidade se sente mais realizado por fazer parte e interferir de algum modo, nem que seja por um momento, da vivencia de todo um ambiente.

[op] erica + welbert + julio cesar + ana luiza

A atividade proposta aos alunos foi que se dividissem em grupos de 04 a 05 pessoas e visitassem algumas casas de Ouro Preto com o objetivo de conhecer algumas histórias da população e sua opinião quanto ao patrimônio, os eventos e o sentido de educação patrimonial exercida em Ouro Preto. Inicialmente a realização da atividade foi difícil, pois muitas casas e repúblicas estavam fechadas, uns viajando outros ainda dormindo. No entanto as recepções daqueles que estavam na cidade foi muito agradável e a conversa poderia durar horas.

1ª Casa Visitada – Sérgio
Morador de Ouro preto há mais de 10 anos, Sérgio saiu de São Paulo para estudar na UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto, onde se formou em direito. Na UFOP conheceu sua esposa que se formou em farmácia e em sua casa vimos um troféu em cima de uma das estantes e perguntamos a ele de que se tratava e ele nos disse que era um troféu ganho pela sua esposa em 1995 quando tirou o 1º. Lugar na escola. Sua esposa segundo Sérgio sempre foi destaque nas escolas por onde estudou. Sobre o patrimônio ele nos disse que é de extrema importância para Ouro preto, mas que a política de turismo está mais voltada para o publico externo, esquecendo um pouco da população local. Tal fato está excluindo os moradores das atividades turísticas. Segundo Sérgio houve até uma melhora no sentido de qualificar a mão-de-obra em Ouro Preto, principalmente através dos cursos de capacitação desenvolvidos pela ADOPE – Associação de Desenvolvimento de Ouro Preto. Um exemplo dessa melhora foi a história que ele nos contou de que quando chegou em Ouro Preto a mão-de-obra era tão desqualificada que entrou numa loja para fazer compras e a vendedora o tratou muito mal, saiu de lá sem nada comprar, hoje essas coisas não acontecem mais, pois a população já se sensibilizou sobre a importância de atender bem os turistas.

Perguntamos a ele sobre o carnaval e se a população local participa e ele nos disse que no carnaval se vê um fato bem inusitado: há uma nítida separação de classes sociais nas ruas e essa separação é feita de forma espontânea, de um lado ficam os estudantes, do outro os turistas e totalmente isolados ficam a população local. Não há definitivamente uma interação dessas pessoas para que todos possam se conhecer interagir e vivenciar novas culturas. Para Sérgio o que se deve fazer é chamar a população local e dizer: Olha essa história, esse patrimônio é antes de tudo seu, usufrua dele, vivencie-o faça parte dele também.

2ª Entrevista realizada com Sr. Inácio em uma das praças de Ouro Preto
Em visita a cidade de Ouro Preto em um sábado com tempo nublado mas,porém quente, no período da manhã, descendo e subindo ladeira conhecemos o Sr. Inácio no largo Marília de Dirceu na Rua Conceição. O Sr. Inácio natural de Ouro Preto tem 30 anos, casado sem filhos e trabalha como açougueiro, uma pessoa tímida e também muito humilde. A nossa aproximação do Sr. Inácio se deu pelas meninas Erica e Ana visto que estávamos de quatro pessoas é o Sr. Inácio estava sentado naquela praça debaixo de uma sombra descansando observando a movimentação da rua numa tranqüilidade, para evitar uma reação de incômodo por parte do Sr. Inácio aproximamos aos pouco e sentamos todos do lado dele na praça. A principio o Sr Inácio ficou meio desconcertado principalmente quando falamos que éramos alunos do curso de turismo da Newton Paiva, segundo ele achou que seria um questionário relacionando datas e dados do patrimônio histórico de Ouro Preto. Mas informamos a ele que se tratava de um bate papo mais descontraído e que ele ficasse, mas a vontade, fomos ganhando confiança na conversa ao meio do bate-papo fazíamos algumas intervenções com perguntas voltadas a realização de nosso trabalho, por exemplo, qual é a freqüência de participação dos eventos realizados na cidade seja ele de ordem religiosa ou profana, qual a relação dele como morador para com os turistas e vice-versa, como ele vê o turismo na cidade e se existe uma exclusão do morador de Ouro Preto que mora em bairros afastados do centro da cidade.
Segundo Sr. Inácio a participação dele em eventos na cidade é muito pouca e quase não participa, quanto à relação do turista com o morador resumi-se do turista passando na rua tirando fotos dos pontos turísticos e morador do outro lado observando a movimentação deles e raramente existe um contato pessoal a não ser quando ficam perdidos na cidade. Como morador de Ouro Preto em sua visão o turismo na cidade é muito importante, pois gera oportunidade de trabalho para as pessoas que moram na cidade visto que Ouro Preto é dependente desta atividade que já está na cidade a muitos anos e que cresce cada vez mas.
Em sua visão o Sr. Inácio não consegue identificar a exclusão dos moradores de Ouro Preto que residem mais afastados perante a atividade turística é sim cada um em seu espaço. Tentamos convencer o Sr Inácio ao final do bate-papo a nos levarmos para conhecer a sua casa é um pouco, mas de seu cotidiano, mas o mesmo disse que sua esposa estava trabalhando e a casa estava desarrumada para receber visitas, respeitamos a sua decisão visto que ele foi uma pessoa muito receptiva para o nosso bate-papo. Agradecemos o Sr. Inácio pelo bate-papo realizado é também de compartilhar com suas experiências como morador de Ouro Preto para elaboração do nosso trabalho. Ao final entregamos o presente para casa dele que ficou muito grato pela lembrança, tiramos fotos juntos dele e nos despedimos.

3ª Casa Visitada - Maria das Graças Batista
Encontramos com a Dona Maria das Graças Batista entrando em sua casa na rua Santa Efigênia. De inicio ficou desconfiada, aos poucos foi se soltando, mas nos manteve do lado de fora com um papo muito agradável. Ela considera que o patrimônio em Ouro Preto favorece a poucos, pois a própria Prefeitura exclui os moradores das atividades através de pouca divulgação dos eventos e a busca de melhorias visando apenas os turistas. E que a cidade não tem estrutura para suportar grandes públicos como acontece no Carnaval e na Semana Santa. A multidão acaba atrapalhando o dia a dia dos moradores e os costumes religiosos comemorados nessa época. Ela contou que em certa ocasião na Semana Santa a procissão teve que parar devido ao barulho que uma república estava fazendo. Os estudantes estavam comemorando o aniversário da república e o som fazia um barulho infernal. A procissão foi interrompida enquanto o padre e moradores tentavam convencer os estudantes a desligar ou pelo menos abaixar o som. Após muita discusão, briga e policia a procissão pode prosseguir ao som apenas dos suaves cânticos religiosos.
Em agradecimento a participação e agradável bate papo presenteamos a Dona Maria com um lindo porta-chaves, o qual segundo ela, estava mesmo precisando.

4ª Casa Visitada - Bruno Batista
O jovem Bruno morador do bairro Antônio Dias estava chegando em sua casa e ficou ali mesmo na porta da D. Maria participando empolgado da conversa. Conversamos bastante, mas sem convite para conhecer sua casa. Ele disse que Ouro Preto não tem lazer para os moradores, faltam quadras e a população tem acesso apenas a um clube. O teatro dificilmente recebe peças a preços populares e quando recebe a divulgação para os moradores é precária. Todos os eventos são poucos divulgados entre os ouropretanos principalmente na periferia. Para diversão restam os bares, e aqueles que não gostam dos bares ou não têm dinheiro para todo final de semana está em um, resta como alternativa a Tv ou os bate papos na rua com vizinhos e amigos. O Bruno nunca teve acesso ou soube de pesquisas direcionadas ao turismo ou ao patrimônio. Acha que a economia em Ouro Preto é gerada pelos estudantes e não é exclusiva da atividade turística, pois em época de greve os comerciantes ficam perdidos. Aos que não tem comércio próprio resta as mineradoras ou sair da cidade em busca de emprego. Uma das observações do rapaz é que quando desembarca em Belo Horizonte parece que está em outro mundo é muita diversidade junta. Presenteamos o Bruno com um guaraná antártica, o que foi muito bem recebido visto que estava chegando de uma longa caminhada.

Uma das observações do rapaz é que quando desembarca em Belo Horizonte parece que está em outro mundo é muita diversidade junta. Presenteamos o Bruno com um guaraná antártica, o que foi muito bem recebido visto que estava chegando de uma longa caminhada.

Considerações finais

A atividade realizada nos proporcionou uma visão diferenciada do turismo, pois pode-se ouvir uma parte da população que muitas vezes é excluída dos ganhos e do aproveitamento da atividade turística, para que se possa agradar aos turistas em primeiro lugar. Ações que promovam a interação da população local com os turistas podem facilitar e criar novas alternativas para evitar a saturação de determinados destinos e realmente contribuir com a valorização e preservação, contando com a integração da comunidade
.

[op] raquel cristina

Inspirar a Cultura, Respirar o Natural da Vida Cotidiana e Vivenciar Novas Experiências.

Na primeira situação vivenciada pelo grupo, na cidade de Ouro Preto, em 10 de Novembro, foram entrevistas pessoas como: Natécia, comerciante de uma papelaria no centro da cidade, em um papo bem informal, ela respondeu à algumas perguntas feitas pelo grupo: Como por exemplo, perguntei a ela sobre a importância da sua loja, para a cidade de Ouro Preto e para o Turismo Local? Natécia respondeu que, é muito bom sim, mais não para a cidade toda, já que essa questão é mais relevante à restaurantes e lojas de artesanato, pois são esses que acabam por serem beneficiados com o Turismo e que acabam lucrando com isso. Em uma segunda situação, estivemos em uma república de estudantes, que nesse caso já tinham uma postura diferente com relação ao Turismo até por organizarem festas durante o carnaval e fora de temporada, para arrecadar dinheiro para a República Estudantil, até mesmo para a manutenção das mesmas, que também recebem visitantes de outras cidades e universidades do Brasil e do mundo. Perguntei a eles primeiramente, um deles, Qual era o sentido da escolha dos apelidos dos estudantes dentro da república, já que um deles atendia como, “Desconjuntado” e Qual era a importância da escolha do Nome da República, “Masmorra”? Eles, responderam que, em primeiro lugar os estudantes chamam uns aos outros como eles gostam de serem chamados na intimidade e que a escolha do nome da República se deu através da história do Brasil, do período da escravidão, que as prisões eram vistas como “Masmorras”. Até ao final do curso na universidade, os estudantes ficam tão íntimos, que acabam até por chamarem uns aos outros de irmãos, porém não de sangue, mais que fazem parte de uma mesma irmandade. Para a aceitação de todos na República, é feita a batalha dos calouros, ou bichos, na qual, eles têm que passar por todo o tipo de teste dentro da república. Perguntei também, como e por quem era feita a Administração da República, já que na hora da entrevista, pude observar uma pessoa organizando coisas dentro de um freezer? Eles me diceram, que é feita por uma rotatividade, que é feita de maneira aleatória, através de sorteios, no qual, são escolhidos dois estudantes e o presidente é escolhido através de votação, para tomar conta do dinheiro da República. Eles fazem de tudo, para eternizar a República, ou seja, como eles dizem lá dentro, levar a “República para frente”. Com o dinheiro que lucram nas festas eles dividem entre os moradores da casa ou guardam em uma caixinha, para usar na manutenção da casa. Em geral, as pessoas que vêm na nossa república, sempre querem ficar mais, mais acabam ficando só uma semana mesmo. Em um terceiro momento, conversamos com o Sr. Nildo, em frente à prefeitura, que estava tomando conta de carros nas ruas, para pedir algumas informações sobre o local que queríamos chegar, que acabou nos contando um pouco mais do que tínhamos perguntado. Teve também um Sr. Que vendia livros nas ruas e calçadas de Ouro Preto, ele havia participado do Fórum dos livros, que tinha ocorrido à 2 semanas atrás, ele estava vendendo os seus livros à preço de custo, pois queria, voltar para a sua cidade. Como percebemos o Fórum, não foi tão bom negócio assim, para todos os participantes do evento. Houve também o caso da Dona Raquel, uma Sra, que estava trabalhando em uma loja de jóias, não íamos entrevistá-las, pois queríamos seguir apenas o roteiro dado pelo professor. Ela estava conversando com um homem bem vestido, porém super simples e uma pessoa muito humilde, que já havia sido Assessor de quatro ministros e que atualmente trabalha como advogado, na cidade de O. Preto. Acabei por descobrir, nessa conversa informal, que a Dona Raquel, trabalhava há 14 anos na loja de jóias e que era uma pessoa muito querida por todos da cidade e por visitantes e profissionais, como, os guias de turismo local e até mesmo de Belo Horizonte. Ela também, não tinha nenhum, tipo de rivalidade com outros lojistas, principalmente, com a vendedora ao lado da Loja Estrada Real, de pedras e Jóias de minas, que foi uma das casas e comércios previamente estabelecidos pelo professor e pelo grupo. Nessa loja abordamos outro tipo de assunto, como: a questão da escolha do nome da loja, principalmente, quanto à divulgação e à relação com a estrada real em Minas Gerais. Que durante o bate papo informal, não foi devidamente esclarecido, já que só o Dono da loja, que não se encontrava que era quem sabia sobre tal assunto. Nessa loja, não tivemos a mesma receptividade que tivemos nas pesquisas anteriores, até mesmo devido a loja trabalhar com um público de Ato escalão, que deve ser previamente agendado por esse e que há também aqueles que vão direto à loja, porém sem marcar, só que são pessoas de alto poder aquisitivo e (ou) estrangeiros de todas as partes do mundo, que interessem pela cultura local, e por produtos (pedras preciosas) e artigos de Minas. Perguntei à ela se a loja tinha a intenção de crescer ainda mais e ela nos contou que a loja já possuía filiais e que estava em constante ascenção. Pessoas não menos importantes, para a realização desse trabalho de “pesquisa”, que contribuíram bastante para que isso tudo pudesse acontecer, além do Professor Fred, foram os moradores das próprias casas na Cidade de Ouro Preto, como por exemplo, na casa da Senhora sentada em um banco na calçada, na casa da Dona Líria, que ao entrarmos na casa, descobrimos que era uma casa de mais de 200 anos, localizada próximo à escola de farmácia da UFOP, Rua Felipe dos Santos nº7, e que atrás dessa casa, no seu quintal, tinha uma área preservada e tombada, um verdadeiro patrimônio Cultural e Natural, que a moradora está tentando torná-la uma RPPN, (Reserva Preservada do Patrimônio Nacional), essa Dona Líria, era filha do Artista Plástico, Maquete, já falecido, do qual da casa era Dono ele era uma pessoa bastante conhecida no meio cultural de Ouro Preto e do Brasil, essa senhora, havia ficado muito emocionada, quando descobriu que tínhamos levado um presente para dá-la, ela adorou. Nessa casa, também tinha dois quartos, quero dizer: “puxadinhos”, agradabilíssimos e até confortáveis, com toda a hospitalidade mineira, comida bastante caseira e um bom bate papo à beira do fogão. Por último, fomos à casa da Dona Vera, uma moradora amiga nossa, da qual já tínhamos ficado hospedados, em sua casa e que tinha um carinho enorme por nós, foi onde deixamos o nosso presente, ele ficou super emocionada, como se já soubéssemos, o que ela queria, foi uma experiência super diferente e emocionate, para ela e para nós, pois dessa vez tínhamos ido à casa dessa Sra para Agradecer tudo o que ela tinha feito para nós em uma noite chuvosa de Carnaval. Em um bate papo super informal, aprendemos muito mais coisas sobre ela e sua família, e ficamos sabendo de muitas outras histórias, contadas por ela. Além de na conversa sem querer, descobrir um pouco mais sobre a questão hoteleira, de Ouro Preto. Finalizamos essa tarefa, com essa visita e foi um dia bastante agradável e diferente para todos nós, alunos moradores professores e visitantes!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

[doc-m] flávia andrade

A aula do dia 09 de novembro foi baseada no texto “Malditos Moletons: Benetton e a Mecânica da Exclusão Cultural”, de Paul Antick. Mas antes de discorrer sobre a mesma quero pontuar três elementos presentes no contexto da aula.

Em primeiro lugar o autor do texto, Paul Antick.

Paul Antick é fotógrafo e profere palestras sobre Cultura Visual e Mídia na Middlesex University, Reino Unido. Atualmente trabalha, em conjunto com o John Hansard Gallery, o MODA (Museum of Domestic Design & Architecture) e o Prague Center for Contemporary Art, em i-tourist. I-tourist é um projeto multi-mídia que utiliza painéis de arte, a escrita e a Internet para colocar uma série de questões sobre a relação entre o Holocausto, judeus e o turismo de massa no século 21. The above image is a recent mock-up of one of fourteen different billboards that will appear in the UK and Czech Republic during December 2006. Antick também está preparando uma trabalho fotográfico, “Auschwitz: who goes there?" e, recentemente, publicou ensaios sobre fotografia e moda na publicidade “Bungalow Blitz: Another History of Irish Architecture” e o “Journal of Fashion Theory” (2002). Exposições recentes incluem: The Lighthouse Gallery, Escócia (2006); OMW Gallery, Dublin (2005); Walter Phillips Gallery, Canadá (2004); Limerick City Art Gallery, a Irlanda (2003); MODA, UK (2002).
[1]

Em segundo lugar, a revista Fashion Theory - A revista da moda, corpo e cultura

Versão brasileira da conhecida revista acadêmica britânica. Com um forte viés dos estudos culturais, a publicação reúne artigos de pesquisadores de diversas nacionalidades, enfocando a indumentária, o estilo e a construção de identidades.
Fashion Theory não toma apenas o estilismo como objeto, mas alcança também outras manifestações da cultura, como o cinema, a fotografia e a mídia eletrônica como caminhos para o debate sobre o design de moda. Pela diversidade de objetos e pela interdisciplinaridade de sua abrangência, a publicação é de grande interesse para a reflexão do design em suas implicações mais amplas - bem como das influências que sofre sua prática.
Todos os números incluem pelo menos um artigo de autor brasileiro, além de ao menos uma resenha de livro ou de exposição.
Observam os Editores da publicação:
"A importância do estudo do corpo como lugar para disponibilizar discursos encontra-se estabelecida em várias disciplinas. [...] Fashion Theory toma como ponto de partida a definição de moda como construção cultural da identidade incorporada. Objetiva oferecer um foro interdisciplinar para a análise rigorosa do fenômeno cultural que vai dos debruns das roupas à propaganda de moda".
[2]

E em terceiro lugar, Oliviero Toscani.

Oliviero Toscani nasceu em Milão, Itália, no dia 28 de fevereiro de 1942. Estudou fotografia e design em Zurique no período de 1961 a 1965. É um fotografo polêmico reconhecido internacionalmente por sua força de criação por trás de algumas das mais bem sucedidas revistas e marcas do mundo.
Desde a década de 90, quando fez os anúncios para a
Benetton, Oliviero Toscani impregna seus trabalhos fotográficos de assuntos que causam fervorosas discussões.
A última criação polêmica se deu em setembro de 2007, quando convidou a modelo francesa Isabelle Caro, que pesa
apenas 31 kilos, que há anos sofre de anorexia, para protagonizar a campanha da grife Nolita.[3]

Para dar início à aula, o professor Fred apresentou a revista Fashion Theory, que foi a fonte do texto que discutimos e falou um pouco sobre o publicitário, porém fotógrafo, Olivier Toscani.
Sugeriu, então que fizéssemos uma discussão, tendo em vista o poder interdisciplinar de toda as questões das campanhas da Benetton explanadas no texto de Paul Antick.
Como nem todos os alunos haviam lido o texto anteriormente, optou-se pela leitura de uma das partes mais importantes do material e a partir daí fizemos nossas exposições sobre o assunto.

Abre parênteses (cantamos parabéns para a aniversariante do dia, Vivian, e o Fred deu uma breve explicação sobre a viagem que aconteceria a Ouro Preto e, também, sobre o último documentário).

Retomando a aula... Iniciamos a leitura do texto a partir do item “The Shock of Reality, 1992”, a campanha mais provocativa da Benetton, utilizando fortes imagens do dia-a-dia de distintas partes do mundo. Tais imagens
[4] foram escolhidas, segundo Toscani, porque aparentemente “expressam temas humanos poderosos de preocupação global” (Benetton Group 1993:12).

O primeiro ponto discutido foi a questão da presença de dois campos disciplinares distintos se confundindo na campanha da Benetton. Um é a fotografia documental, um ramo específico da fotografia, que tira fotos quase como uma peça de museu, tentando mostrar algo que já passou, que já aconteceu, e o outro, é a publicidade se utilizando desta fotografia. Por isso, muitas pessoas acham absurdo a Benetton ter uma atitude assim e outras se questionam se isso, realmente, é fotografia documental, isso é real?, isso é imaginação?, isso existe ou não existe?.
Neste momento o Flávio questionou qual a relação da foto com o produto e o professor colocou que anteriormente a Benetton havia feito uma campanha, United Colors, que mostrava crianças. A esperteza da Benetton consistiu em contratar um fotógrafo para fazer a campanha, porque é outro olhar publicitário, que, normalmente, os publicitários não têm. Além disso, as campanhas não mostram as roupas, mas sim questões de valores como raça, cor, etnia, morte, vida, e isso chama muito mais a atenção do público transformando a Benetton numa marca cultural que preocupa-se com outros valores que não só a venda. Neste contexto, não é para ter nada a ver mesmo, assim a Benetton se instala no imaginário coletivo como uma marca preocupada com questões maiores e ao ver qualquer imagem deste cunho as pessoas vão se lembrar da Benetton. Não importa se você compra as roupas, mas sim que você fala da Benetton e sabe quem ela é.
Em seguida, Camila perguntou ao Fred se ele concorda com este tipo de propaganda que mostra imagens tão fortes como uma pessoa morrendo de AIDS, justamente numa campanha de moda. Ao mesmo tempo ponderou que “tudo bem” mostrar pessoas de diferentes raças, cores, porque isso significa que a Benetton não faz distinção de quem compra ou veste suas roupas, mas uma campanha com imagens tão fortes é muito chocante e, na verdade, a Benetton faz isso para vender.
Essa questão também é discutida no texto quando Paul Antick cita a posição da Advertising Standards Authority, The Times e Elle. É um aspecto que vai além do argumento “eles só estão fazendo isso para vender moletons”, é preciso interrogar não apenas a forma ou conteúdo da imagem publicitária por si só, mas o valor discursivo que têm tais imagens (e a instituição a que elas “pertencem”) na cultura contemporânea.
Continuamos a leitura do texto para ver, segundo o professor, para onde ele iria seguir e o Fred colocou que na construção de seu argumento, Paul Antick coloca que o principal problema é que a moda, considerada um campo do saber tão superficial, alia-se a um campo tão sério quanto a fotografia documental. A pergunta que se deve fazer é: “como se alia a moda, algo que lida sempre com a novidade, com uma fotografia que está falando de morte, de sofrimento e de dor?”.
Então o professor colocou uma questão que apareceu em uma determinada cena no filme “O Diabo Veste Prada”, onde a nova contratada coloca que não vai aprender nada naquele lugar e num momento de prova de roupas ela solta um risinho e sua chefe então pergunta do que ela está rindo. Então a garota que responde que para ela todos os cintos são a mesma coisa e a Miranda responde que não é a mesma coisa, contando uma história que o cinto, que teve seu início no século XVIII, XIX como uma peça usada pela aristocracia, pela alta burguesia chega ao final do século XX como uma peça que pode ser comprada por pessoas de classe baixa. O Fred fez esta ponderação porque nós sempre olhamos a moda como um campo que só vem tornar as coisas mais bonitas e que não tem nenhuma relação com outro campo do saber. Assim, como as pessoas colocam que Turismo é só viajar, que não tem nenhuma outra preocupação. O que o professor quis mostrar, acompanhando a idéia do texto, é que: “MODA NÃO É SÓ ROUPA, COMO TURISMO NÃO É SÓ VIAJAR”, ou seja, esses campos não são tão superficiais como as pessoas julgam ser.
Seguimos a leitura a partir do item “Fotografia Documental, Ideologia e A Imprensa”, onde Antick começa indagando “o que há então na fotografia documental – no tipo de conhecimento que ela representa – que permanece tão precioso a ponto de qualquer distúrbio notado em sua estética e integridade contextual poder provocar tal manifestação emotiva de hostilidade coletiva?”. E essa hostilidade, na verdade, era um pouco do que a turma estava sentido em relação à colocação de imagens tão fortes em um outdoor.
O próximo ponto colocado foi que a fotografia documental atesta sua veracidade se ela consegue produzir alguma afeto, se ela consegue emocionar, a pessoa que está vendo a imagem. No entanto, o que Paul Antick coloca é que a construção de afeto do observador ao ver a foto depende muito do fotógrafo, pois o fotógrafo constrói a imagem e não apenas manuseia uma câmera. Quando ele decide como fazer uma foto ou outra, ele está fazendo uma escolha que é estética, porque cada fotografia vai causar um impacto afetuoso em quem as vê.
Então, o Fred indagou: “na questão das fotos da Benetton, na era do Photoshop, quem garante que não são fotos montadas?”. Assim, o texto vem discutir que a campanha “Shock of Reality” tem um potencial subversivo e coloca em discussão a fotografia documental, justamente porque ninguém sabe se o que está sendo visto é real ou não. A segunda questão é que a fotografia documental tem alguém que tira a foto, e a importância de se pensar por este viés é porque quem tira a foto faz diferença, tem uma intenção, principalmente, estética ao fotografar, logo “a foto não é a verdade, ela é uma verdade do fotógrafo”.
Neste momento, surgiram algumas discussões em torno da realidade (ou não) da morte. Do ponto de vista do apodrecimento da carne sim, mas como disse o Fred, ele está pagando pra ver, pois ele está vivendo. Segundo o Flávio, é uma realidade da humanidade que todo mundo vai compartilhar. Mais uma vez o Fred concordou, ponderando que por isso a foto da “Family in Ohio” teve tanta repercussão. Segundo o texto, a foto coloca em discussão o lugar do fotógrafo, dizendo que o mesmo quando fotografa constrói o real na foto.
Discutimos que a força de fotos numa campanha de moda, que é tão superficial, realmente choca as pessoas e como argumenta o fotojornalismo, representa”a banalidade do mundo da imagem na vida cotidiana.Então, a Valéria deu o exemplo da modelo italiana anoréxica, que protagonizou a campanha de uma griffe.
Continuando a leitura, o próximo ponto colocado foi que toda a crítica em cima da fotografia (da campanha ‘Shock of Reality’) foi porque ela estava no lugar errado, independentemente da fotografia ser real ou que se discutiu muito é porque uma fotografia de cunho documental estava aparecendo em uma campanha publicitária. Será que esta fotografia não devia aparecer em outro lugar que não um outdoor? Mas o que teve de expressivo na campanha da Benetton, não foi só o uso de fotografias documentais, mas também o modo como a Benetton fez com que a imprensa, inconscientemente, reavaliasse “sua própria condição como instituição comercialmente desinteressada”. Para o Fred, é neste ponto que discussão do texto começa ter um poder interdisciplinar, uma vez que a Benetton discute, de alguma forma, a imprensa e a fotografia.
Seguindo o texto, a partir da “Repressão da Imprensa”, vê-se que o que a campanha da Benetton coloca é se a imprensa é, realmente, a única fonte de verdade. Isso é discutir se a imprensa não é uma construção fantasiosa, se não há invenções nos jornais. O que a Benetton colocou no outdoor foi que aquilo era tão irreal quanto as notícias que a imprensa dá, assim esta também seria publicitária, na verdade, uma característica que ela nunca poderia ter, pois perderia seu poder de discussão.
Uma coisa é o jornal vender espaços para publicidade (por mais que ele as selecione), outra é ele ser publicitário.
No item “Realocando ‘Family in Ohio’”, o intuito era perceber o impacto que esta campanha causou nas pessoas quando os outdoors foram colocados na rua. Neste trecho, discutimos a questão da AIDS na atual conjutura, em especial, a relação das pessoas com a doença e os coquetéis que hoje permitem que pessoas portadoras do HIV tenham suas vidas prolongadas. As fotos de “Shock of Reality” trouxeram outra dimensão para fatos que acontecem no dia-a-dia, mas que nem sempre estão próximos a nós, o que conseqüentemente causa um grande choque, soando como algo agressivo.
“Family in Ohio”, em todo o contexto que ela foi “construída”, devido também à atmosfera religiosa, coloca em cheque as convenções das imagens que se têm de uma pessoa com AIDS, pois a imagem na foto pode ser vista, ainda, como um momento de redenção.
Que tipo de educação é esta da campanha? Discute-se que Educação Patrimonial parte do pressuposto que ela tem que provocar para construir consciência nas pessoas para transformar os homens em homens sujeitos. A campanha não teria um pouco disso? Porque a pessoa que vê a foto é provocada, repensa o que ele acha sobre a AIDS e, inclusive, repensa qual o grau que ele tem de contato com pessoas com AIDS.
O Rímulo questionou como a Benetton vai vender roupas com uma campanha dessas. Mas a questão é que a Benetton não vende só roupas, ela tem diversas atividades que ajudam a consolidar sua marca no mercado, inclusive participa das campanhas humanitárias da ONU. Ela deixa de fazer parte de uma cultura para tornar-se uma cultura. A Benetton vende igualdade racial, assim como McDonald’s vende diversão, alegria. Mas para Thaís a Benetton tem um quê de ação social e o McDonald’s é só marketing. O McDia Feliz não é só para arrecadar dinheiro para Hospital do Câncer, mas fazer a imagem da empresa. Contudo, o que o professor colocou é que temos que pensar é que, mesmo com um alcance maior, os expedientes, as estratégias e ferramentas da Benetton são parecidíssimas com as do McDonald’s, para não dizer que são iguais.
Neste contexto, se a intenção é educar a pergunta que deve ser feita, como salienta, Victor Burgin, não é “essa ferramenta é melhor do que aquela ferramenta”? e sim “que ferramenta melhor se adapta a esse trabalho específico?”. Essa prática educacional funciona. No caso da Benetton e do McDonald’s a ferramenta é a mesma: Publicidade, e a intenção é vender.
Mas algo que surgiu desta discussão e que, particularmente, me chamou a atenção foi a questão da preocupação com o próximo que, hoje, a maioria das pessoas não têm. Porque é muito mais fácil você deixar seu troco da farmácia para doar a um hospital do que ir até lá e dar carinho e atenção para pessoas que estão passando por momentos difíceis e de sofrimento.
Voltando ao texto... O Rímulo questionou como a Benetton estava educando. E o que se viu é que na Itália, por causa de todo o contexto e, também, por causa de “Family in Ohio” a sociedade começou a discutir a AIDS como um problema público. Isso porque as pessoas foram “pegas de surpresa”, colocando em cheque suas percepções sobre a AIDS, porque o material não estava numa escola, num livro, estava em um outdoor.
Ao final do texto, citaram a palavra sensacionalismo e o Fred então perguntou: “Vocês acham que o Turismo deve ser mais sensacionalista? Como?”. Muitas afirmaram que sim e como a Grazi disse, “o Turismo pode ser mais provocativo” e segundo o Rímulo, “sensacionalismo, nem sempre quer dizer algo negativo”.
Em suma, foi uma discussão muito válida por aguçar nossos sentimentos em relação a distintas e difíceis situações que se passam no dia-a-dia de pessoas do mundo inteiro e abrir nossos olhares para perceber outras maneiras de se pensar sobre assuntos, que num primeiro momento, nos parecem ser superficiais.
Para finalizar a aula, o Fred propôs um exercício onde utilizaríamos a interdisciplinaridade para criar uma atividade relacionando o Turismo com outras áreas como a biologia, a publicidade, o jornalismo, a geografia ou a gastronomia, levando em conta a oportunidade e a possibilidade de educar o turista em algum aspecto relevante do ambiente que ele está vivenciando naquele momento.

Palavra-chave: AIDS

Segundo as informações disponíveis no site
[5] do Ministério da Saúde, a AIDS é uma doença que se manifesta após a infecção do organismo humano pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, mais conhecido como HIV. Esta sigla é proveniente do inglês - Human Immunodeficiency Virus.
Também do inglês deriva a sigla AIDS, Acquired Immune Deficiency Syndrome, que em português quer dizer Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
Síndrome Grupo de sinais e sintomas que, uma vez considerados em conjunto, caracterizam uma doença. Imunodeficiência Inabilidade do sistema de defesa do organismo humano para se proteger contra microorganismos invasores, tais como: vírus, bactérias, protozoários, etc.
Adquirida Não é congênita como no caso de outras imunodeficiências. A aids não é causada espontaneamente, mas por um fator externo (a infecção pelo HIV). O HIV destrói os linfócitos - células responsáveis pela defesa do nosso organismo -, tornando a pessoa vulnerável a outras infecções e doenças oportunistas, chamadas assim por surgirem nos momentos em que o sistema imunológico do indivíduo está enfraquecido.
Há alguns anos, receber o diagnóstico de aids era quase uma sentença de morte. Atualmente, porém, a aids já pode ser considerada uma doença crônica. Isto significa que uma pessoa infectada pelo HIV pode viver com o vírus, por um longo período, sem apresentar nenhum sintoma ou sinal. Isso tem sido possível graças aos avanços tecnológicos e às pesquisas, que propiciam o desenvolvimento de medicamentos cada vez mais eficazes. Deve-se, também, à experiência obtida ao longo dos anos por profissionais de saúde. Todos estes fatores possibilitam aos portadores do vírus ter uma sobrevida cada vez maior e de melhor qualidade.

notas
[1] http://www.visual-culture.com/project/visual-culture/wiki/show/Paul+Antick:+Profile
http://www.visual-culture.com/project/i-tourist/front_page
[2] http://www.2ab.com.br/loja.phtml?f=1&ccat=37&cprod=390
[3] www.toscani.com
www.semrotulo.com/2007/09/oliviero-toscani-escancara-anorexia.html
[4] http://press.benettongroup.com/ben_en/about/campaigns/list/
[5] http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISBF548766PTBRIE.htm

[doc-m] michelle

[doc-m] luciana

[doc-m] lorena

Oliviero Toscani (Milão, 28 de fevereiro de 1942) é um fotógrafo italiano, que inventou campanhas publicitárias polêmicas para a marca italiana Benetton durante os anos 90.A maioria de suas campanhas é institucional, propagandas de marca e não de produto, normalmente composta apenas por uma fotografia polêmica e o logo da companhia.Uma de suas campanhas mais famosas inclui um homem morrendo de AIDS (SIDA), chorando em uma cama de hospital, rodeado por seus parentes. Outras incluem alusões ao racismo (uma muito notável mostra três corações humanos quase idênticos com as palavras branco, preto e amarelo como legenda), a guerra e a religião.No começo dos anos 90 Toscani fundou, juntamente com o designer gráfico estadunidense Tibor Kalman, a revista Colors. O slogan era "uma revista sobre o resto do mundo".
Oliviero Toscani, 52, fotógrafo, diretor de arte da Benetton há 12 anos, chegou em Gaza, no dia 17 de outubro de 1994, vindo da Coréia, onde honrara um convite da Universidade de Seul. Em Gaza, passou três dias de trabalho, com uma equipe reduzida, para fotografar as imagens destinadas ao próximo catálogo de Benetton. Ele não levou consigo nenhum modelo profissional, só quis fotografar homens e mulheres comuns encontrados na rua ou adolescentes em suas escolas. Quase todos aceitaram posar rapidamente para ele, vestindo uma roupa, às vezes apenas um detalhe de Benetton. Como todos diziam, tomados em uma tragédia da história, estavam satisfeitos de mostrar ao mundo que são "gente" como todos os outros, como todos nós. Toscani saiu de Gaza para o Japão, respondendo a outro convite universitário. Sua vontade política e cultural de transformar a comunicação moderna são explícitas. Toscani ensina na Faculdade de Sociologia da Universidade Sapientia, de Roma. Também promove o projeto da Fabbrica, uma antiga vila do Palladio, perto de Treviso, transformada em escola para pensar o futuro e sua comunicação. A Fabbrica é financiada pelo orçamento publicitário de Benetton, que também edita "Colors", revista publicada em seis línguas (680 mil cópias) e destinada aos adolescentes de todas as idades, "para ver e entender o que é diferente!”.

Obras
Campanhas Publicitárias
Criação da Marca United Colrs Benetton
Campanha sobre a AIDS (SIDA)
Campanha sobre o Racismo
Campanha contra a Anorexia
Campanha sobre Guerra
Campanha sobre Religião
Revistas
Colors
Fashion Theory

Campanhas
Campanha AIDS
Campanha Racismo
Campanha Contra a Discriminação Homossexual
Campanha contra a Anorexia

Resumo da Aula
Documentário da aula ministrada no dia 09 de novembro de 2007. Onde discutimos sobre a natureza da publicidade da Benetton, e como a Benetton divulgava seus produtos através de campanhas publicitárias. Além disso, foi discutida em sala de aula a importância da propaganda e da publicidade e como ela atua em diferentes campos.
No primeiro momento o Fred, mostrou a revista Fashion Theory (revista de moda), onde destacaram o texto Malditos Moletons: Benetton e a Mecânica da Exclusão Cultural, pois estava faltando uma página no nosso xerox, ele nos mostrou uma foto de um rapaz aidético, em seu leito de morte, a sala toda parou para ver aquela foto na revista, está foto chamou atenção de todos.Posteriormente a Flávia leu o texto para a sala, o Fred ia fazendo as intervenções e comentários nas passagens que a Flávia lia.
Em seguida a Flávia começou a ler o texto, e posteriormente, começamos a discutir sobre as campanhas publicitárias da Benetton, e como essas campanhas eram divulgadas para as mídias escritas e faladas.
“A natureza da publicidade da Benetton era orientada claramente para o produto, mostrando o produto e nada mais”, de acordo com Oliviero Toscani, não estando de acordo com o ponto de vista de como a Benetton fazia suas campanhas, resolveu propor uma nova e moderna abordagem nas campanhas promovidas pelo Benetton, que deixaria de tratar de “mudanças superficiais e tolas” da propaganda convencional, para o que ele chamava de “questões de envolvimento global”.
A partir desse momento as campanhas realizadas por Oliviero Toscani abordavam temas polêmicos como: AIDS, Racismo, Homossexualismo, Guerra, Religião, Anorexia, dentre outros, o foco de suas campanhas publicitárias era causar mudanças no conteúdo das propagandas da Benetton, além disso, despertava o interesse das pessoas, por abordar temas polêmicos e de extrema relevância.
Oliviero Toscani, era um fotógrafo de arte que procurava pessoas comuns para fazer suas campanhas publicitárias como: jovens modelos bem aparentados, além disso, utilizava tecnologias de câmera.
As Propagandas da Benetton entre 1989 e 1991, aborda a questão da igualdade entre negros e brancos (questão racial).Em seguida foi apresentada no texto uma campanha da Benetton sobre a Aids: Family in Ohio, mostra a imagem de homem aparentemente morrendo de aids, está foto causou uma polêmica, sobretudo na publicidade, onde a fotografia tirada pelo fotógrafo Toscani conseguiu através de sua foto expressar a dor e a amônia de uma pessoa que sofria de uma doença que não tinha cura, e iria morrer.
Uma outra campanha que a Benetton enfocou foi Shock of Reality, marcou a apropriação atacadista por parte do anunciante de uma linguagem absolutamente “outra” (fotografia documental), bem como a dissolução dos códigos das propagandas convencionais (afora a onipresente logomarca), essa propaganda conseguiu quebra simbólica crucial nas chamadas mentiras e com a “superficialidade” das propagandas (algo que a Benetton nunca tinha conseguido em campanhas anteriores).
A partir desta leitura que a Flávia fez, o Fred começou a fazer suas intervenções, ele perguntou para a sala se nós sabíamos a diferença entre fotografia documental e publicidade, começou uma discussão em cima desse assunto, ninguém da sala soube explicar qual era a diferença ente um e o outro, então o Fred resolveu explicar para a sala a diferença entre fotografia documental e a publicidade através de um exemplo.
A Benetton possui dois campos distintos: a fotografia documental, onde o fotógrafo tira a foto como uma peça de museu, já a publicidade se apropria da foto.Com a explicação do Fred, entendemos a diferença e damos prosseguimento na leitura do texto.
Em seguida foi discutido o título do texto que é: Malditos Moletons: Benetton e a Mecânica da Exclusão Cultural, qual será argumento que a Benetton utiliza para vender seus moletons, será que ela está realmente preocupada com as questões sociais, ou será que por trás desta questão social, está interessada em vender seus moletons, e seria apenas um marketing que a empresa estaria fazendo? Essa é uma questão a ser pensada, e que foi bastante discutida pelo Fred e a sala.
A moda é uma instituição ligada a noções de efêmero, a identidade da moda-bem como sua construção de sua identidade - tem sido convencionalmente denegrida como transitória’ “, superficial” e sem “profundidade”.
Foi discutida a questão da moda pelo professor Fred, é ele deu vários exemplos: Antigamente as pessoas usavam o tênis austar estava na moda, agora a moda mudou e quem têm tênis da nike, é que está na moda, a moda muda a cada dia que passa, novas tendências, novas tecnologias, enfim é uma variedade de coisas que vão evoluindo e vão sendo inventadas e criadas para satisfazer as novas exigências e necessidades dos consumidores.
Um outro exemplo que o Fred deu, foi o seguinte: A moda é um campo que só serve para vestir as pessoas, moda não é só roupa e turismo não é só viajar.A moda não é tão superficial, assim como o turismo também não é tão superficial.
A Hostilidade X Uso da Fotografia: A fotografia documental consegue emocionar a pessoa que está vendo, o fotógrafo é o responsável pela fotografia, a campanha da Beneton da menina loirinha com o menino preto na verdade é uma montagem.A foto é uma verdade do fotógrafo, onde há uma construção subjetiva do fotógrafo, a pessoa que tira a foto tem uma intenção por trás da foto tirada.
A fotografia é uma verdade do mundo, mas não é a única forma.A fotografia tirada por nós é verdade, a foto tirada para a caixa de leite, as pessoas perguntam se aquela foto é verdade ou não, as propagandas publicitárias, podem ser montagens.
A Benetton discute a relação entre a fotografia, e qual é o interesse da imprensa em divulgar tal fotografia, será que seu interesse é só o lucro, ou será que existe outro interesse?
Em um contexto jornalístico, o papel promocional da fotografia documental é reprimido por um conjunto de procedimentos discursivos, que limitam as formas pelas quais a fotografia documental é recebida pela audiência.Como exemplo podemos citar os jornais, que são locais que vendem espaços publicitários. O jornal é imparcial, um exemplo disso: um homem que se suicida, muitas vezes essa notícias não são colocadas nos jornais, para não incentivarem as pessoas a cometerem semelhante ato.
A Valéria levantou uma questão sobre um rapaz forte, bonito que tinha Aids e ele espalha aids para seus parceiros.Houve uma discussão em cima desse do assunto da Aids, além disso, foram discutidas coisas que acontecem no cotidiano, a foto de Oyoré é uma foto comum na África, onde vemos através das fotos pessoas desnutridas e que muitas vezes morrem infectadas por diversas doenças, inclusive a Aids.
Na campanha que tinha como tema “Family in Ohio” não apenas se relacionou com apelos relacionados a Aids na Grã-Bretanha, mas contribuiu positivamente para os discursos relacionados a Aids em todos os outros lugares.Um exemplo disso: um homem morrendo de Aids está imagem rearticula a Aids como uma posição privilegiada: sinônimo de transparência espiritual, ressurreição e intimidade com Deus.
Antigamente as pessoas acreditavam que as pessoas que tinham Aids era só o grupo de risco como: as dique kint, homossexuais, prostitutas, dentre outros.Hoje podemos ver que não só as pessoas que antes eram consideradas como grupo de risco, podem ter aids, mas quaisquer pessoas comuns, independentes de sexo, raça, religião podem ter o vírus da Aids.Os artistas que morreram de Aids, como o Cazuza, Renato Russo, etc, tiveram uma enorme repercussão na mídia, por serem pessoas famosas, não teriam tanta repercussão se fosse uma pessoa qualquer.
O Fred associou a campanha publicitária com o tema da nossa matéria Educação Patrimonial, dizendo que a educação que recebemos não está relacionada ao conceito que a Aids tem para as pessoas, e sim a cultura e a educação que recebem para tratar diferentes assuntos.
O Fred fez uma fez uma comparação entre as propagandas do Mc Donald e as propagandas da Benetton, ambas possuem mensagens diferentes, mas as ferramentas utilizadas são as mesmas.O Mc Donald comprou cadeias produtivas, mas os donos não aceitaram colocar a marca do Mc Donald, o mesmo fato ocorreu com a Benetton.O outdoor é a ferramenta que o Mc Donald utiliza para divulgar seus produtos, além de ser uma forma de chamar atenção de várias pessoas ao mesmo tempo para comprar seus produtos, a Araújo também utiliza essa forma de divulgação.
O Fred levantou uma questão polêmica, será que temos que dar dinheiro para as pessoas pobres, ou será que temos que ajudar as pessoas pobres com: amor, carinho, dedicação, atenção e cuidado, vivem em um mundo capitalista, onde as pessoas só estão pensando em si mesmas, e não estão nem ai para os outros, acham que é só dar dinheiro que vão ajudar as pessoas pobres.
O professor Fred, disse que uma marca de roupa assim como a Benetton, através da venda das suas roupas é possível educar as pessoas, outro exemplo é quando estamos na mesa de um bar, é uma outra forma de educarmos.
Portanto, concluímos que independente de sexo, cor, raça, religião a pessoa tem que ser feliz com o que têm, não com que ela gostaria de possuir, pois as coisas materiais acabam com a passar do tempo e as pessoas quando morrem não vão levar nada disso, e as coisas espirituais estas sim nascem e morrem com as pessoas.

Palavra Chave: AIDS
A aids é uma doença que se manifesta após a infecção do organismo humano pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, mais conhecido como HIV. Esta sigla é proveniente do inglês - Human Immunodeficiency Vírus.
Exemplo: Antigamente as pessoas acreditavam que só adquiria o vírus da Aids, as pessoas que faziam parte do grupo de risco como: as dreque kint, homossexuais, prostitutas, dentre outros.Hoje podemos ver que não só as pessoas que antes eram consideradas como grupo de risco, podem ter aids, mas quaisquer pessoas comuns, independentes de sexo, raça, religião podem ter o vírus da Aids.
Mesmo vivendo em um mundo informatizado e dinâmico, onde temos várias informações em questões de segundos, e cada vez, mas comum às pessoas acharem que não precisam se cuidar tanto em relação a questões sexuais aí que elas se enganam, onde elas menos esperam pode morar o perigo, as mulheres podem ficar grávidas e o mais grave podem contrair uma doença sexualmente transmissível, como a aids que pode leva a morte.
Os Pesquisadores e estudiosos descobriram os coquetéis para amenizar, os efeitos da Aids, eles ajudam a controlar a doença, mas não são as curas para a Aids.Portanto quando for manter relação sexual, previna-se e use camisinha, para ter surpresas desagradáveis no futuro.

Sites
1-
http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISBF548766PTBRIE.htm
2- http://www.aids.org.br/
3- http://www.ocaiw.com/catalog/?lang=pt&catalog=foto&author=200
4- http://www.facasper.com.br/jo/notas.php?id_nota=500
5- http://opiniaoenoticia.com.br/interna.php?id=12347
6- http://aletp.com/?p=468

Notícias
1-Ministério da Saúde: Aprenda sobre as DST sobre as DST
http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMIS8B526207PTBRIE.htm
2-Prevenção da AIDS
http://www.aids.org.br/default.asp?siteAcao=mostraPagina&paginaId=44#c1
3-Campanhas publicitárias feitas por Toscani
http://www.olivierotoscani.com/
4- Itália proíbe campanha sobre anorexia com foto de modelo nua
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u338251.shtml
5-Revista de Moda da Benetton: Colors
http://tipografos.net/magazines/colors.html
6-Publicidade e Responsabilidade Social
http://www.sairdacasca.com/comunicacao/publicidade.asp

[doc-n] henrique

Borges chama atenção para o curioso fato de que o cinema, em seus primórdios, tenha sido chamado de biógrafo. Borges recupera o termo antigo, relevando a potencialidade que o cinema sempre teve de “apresentar almas”, de mostrar, em imagens, vidas e destinos.
A câmera de filmagem se torna se torna um instrumento visual de “escrita de vidas”, sendo o primeiro passo no processo de construção artística de um novo modelo de verossimilhança, compatível com as demandas da chamada “era da reprodutibilidade técnica”.
Tem-se a idéia de que reproduções cinematográficas reproduzem uma crença ilusória de que a vida pode ser representada em sua realidade mais intensa. O cinema nutriu-se dessa ilusão até os dias de hoje.
A tarefa do biógrafo consiste exatamente em escolher, dentre os inumeráveis traços humanos possíveis, aqueles que possam perfilar uma vida. Então os detalhes acabam se tornando tão importantes quanto os acontecimentos extraordinários para a vida de uma pessoa.
No documentaria de Eduardo Coutinho, Edifício Máster, foram catalogadas historias de 37 moradores de Copacabana. O documentário apresenta narrativas dos próprios habitantes, compondo um inventário de existências anônimas.
Eduardo e sua equipe alugaram um apartamento por um mês. O projeto era selecionar moradores que pudessem em sua diversidade, compor um mosaico representativo daquele espaço que traz um surpreendente arquivo de vidas comuns.
O diretor relata que no ato da entrevista, as pessoas acabaram revelando dados inesperados de suas vidas, como historias de infortúnio mas também de realizações.
Eram pessoas de todo tipo e possuíam várias profissões e cada um com sua circunstancia, memórias, fatos e ficções.
Objetos também acabaram se tornando alvo do trabalho, pois adquirem uma narrativa no filma. Isso é explicado por Jean Baldrillard quando ele explica que independentemente do uso que fazem do objetos, eles representam algo muito mais relacionado a subjetividade. Por isso o arranjo das coisas (objetos), não deixam de assegurar o espaço de circulação dos afetos, dando subtração material à complexa estrutura de interioridade que define esse mesmo espaço.
Tudo que é mostrado adquire uma explícita relevância no processo de figuração da subjetividade de quem narra.
A disposição dos móveis e objetos diz algo de quem os possui. A seleção e ordenação dos fatos contados revela uma forma particular de arquivamento da própria vida. Philippe diz que “a escolha e a classificação dos acontecimentos determinam o sentido” que se deseja dar a uma história.
O filme de Eduardo não apresenta jogos nem artifícios e da prioridade aos retratos humanos. Ele parte dos moradores para contar a história dos prédio, transformando as histórias pessoais em matéria-prima, trazendo ao seu filme o que Borges valorizou no termo biógrafo, pois a Eduardo Coutinho importam os destinos, as “almas” de suas personagens.
Por fim, Eduardo Coutinho evidencia que a existência efetiva de um homem ou mulher é um conjunto de circunstâncias e afetos.
O Edifício Máster possui um caráter social, onde os conflitos sociais se fazem presente. As entrevistas revelam um espaço conflituoso, tanto na esfera pública quanto na privada e, na pública os conflitos são mais intensos. O isolamento das grandes cidades é evidenciado nas entrevistas, onde as pessoas desconhecem até mesmo seus vizinhos.
A riqueza das narrativas é visível. Outras interpretações poderiam ser feitas, outros aspectos poderiam ser colocados, bem como outras narrativas. As interpretações dessas narrativas são derivadas do encontro ou desencontro do intérprete com o entrevistado.
A proximidade pode mostrar que não há encenação, mas drama real, sentido na carne de cada um. Cada depoimento é um pedaço de vida nos lembrando que, atrás daquelas faces anônimas, existem seres humanos em toda a sua plenitude, complexidade e diferença.
E talvez essa seja a principal mensagem que esse documentário tenta passar: a complexidade do ser humano e importância de humanizarmos os outros no nosso processo diário de interação, comunicação e convivência.

Links
www.rabisco.com.br/09/edificiomaster.htm
www.contracampo.com.br/criticas/edificiomaster.htm
www.mnemocine.com.br/aruanda/coutinho2.htm
www.sobresites.com/alexcastro/artigos/master.htm
www.adorocinemabrasileiro.com.br/filmes/edificio-master/edificio-master.asp

Noticias
www.ideiasmutantes.com.br/archives/2005/08/edificio_master.html
a8000.blogspot.com/2007/10/de-edifcio-master-jogo-de-cena-coutinho.html
www.espm.br/sbe/cinema/sexta/edificio_master.pdf
derepente.wordpress.com/2007/08/20/edificio-master/
obscenum.blogspot.com/2005/04/edifcio-mster-1.html

[doc-n] fernanda o.

Noticias
http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/070924/entretenimento/it__lia_moda_publicidade
http://www.portaisdamoda.com.br/noticiasModa~newsID~3361.htm
http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200710191907_RED_49039545
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u330969.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u331645.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u331540.shtml

Sites
http://br.noticias.yahoo.com
http://www.portaisdamoda.com.br
http://br.invertia.com
http://www1.folha.uol.com.br

[doc-n] anderson

O texto discorre sobre a história da empresa Benetton, mais particularmente no seu setor de marketing, onde após uma mudança de foco nas campanhas publicitárias, que passaram de um viés “tolo” e “superficial” para um tom que envolvem “questões de envolvimento global”, resultaram em uma grande estratégia de marketing.
A intenção do Oliviero Toscani, considerado “o gênio criativo” da Benetton, era o de alertar a sociedade através de temas fortes, como a aids, guerra, racismo, entre outros. Esses temas foram abordados através de fotografias publicitárias com um foco mais documental, sendo que o objetivo era o de vender e, ao mesmo tempo, conscientizar.
Como resultado destes modelos publicitários, a Benetton colheu muitas críticas, sendo que a campanha que mais sofreu foi a chamada “The Shock of Reality”. Nesta campanha várias imagens foram mostradas, sendo que a que mais foi polemizada pela sociedade foi a “Family in Ohio”, onde aparentemente mostra um homem morrendo de AIDS. Esta imagem foi levada até a British Advertising Standarts Authority que “deplorou o desejo aparente do anunciante de provocar sofrimento e angústia com sua abordagem publicitária”. Logo na seqüência vários órgãos reguladores condenaram não só está como outras quatro imagens.
Como resultado, a Benetton, conseguiu unir o mundo “real” da fotografia documental, com o mundo “superficial” do mundo da moda. Apesar disso, ela se concentrava mais no conteúdo multirracial e na sua mobilização para propósitos explicitamente comerciais do que na forma que as campanhas publicitárias assumiram.
Pode-se notar que a indústria da moda sempre é taxada de indústria que vende coisas supérfluas e que também só pensa no que há de novo, ou seja, no efêmero. Só que no caso da Benetton, ela mostra que não vende só glamour, mas pensa também nos problemas que afetam a sociedade em geral.

Links
1-
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u330969.shtml
2-
http://www.boycottbenetton.com/
3-
http://englishmarketingceline.blogspot.com/
4-
http://www.benettongroup.com/en/whatwesay/sottosezioni/campaigns_photo_gallery.htm
5- http://www.duplipensar.net/principal/2004-04-benetton-toscani.html

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

[doc-n] eunice

Notícias
1-
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u331320.shtml
Estilistas manifestam apoio à campanha contra anorexia
da France Presse, em Roma
Estilistas acolheram favoravelmente nesta terça-feira a chocante campanha publicitária lançada na Itália pelo fotógrafo Oliviero Toscani contra a anorexia.
Toscani, célebre por suas campanhas polêmicas para a Benetton, lançou ontem uma impressionante denúncia sobre a anorexia com a publicação de uma foto gigante de duas páginas de uma menina nua e extremamente magra.
O anúncio, publicado no jornal "La Republicca", inclui uma única palavra, "Não", e é financiada pela marca de roupa italiana "No-lita".
"Há anos me ocupo do problema de anorexia. Quem são os responsáveis? No geral, os meios de comunicação, a televisão, a moda. Parece muito interessante que uma marca de roupa compreenda o fenômeno, tome consciência de seu papel e patrocine a campanha", declarou o fotógrafo à imprensa local.
A publicação gerou opiniões favoráveis em toda a península.
"Finalmente alguém fala a verdade. Porque a anorexia não é um problema só da moda e sim psiquiátrico", afirmaram, em Milão, os estilistas Dolce e Stefano Gabbana.
Para o estilista Giorgio Armani "as campanhas, com imagens tão cruas e duras, são justas e oportunas".
No final de 2006, o governo italiano, a Federação da Moda italiana e a Associação Alta Moda - que reúne os estilistas italianos que apresentam suas coleções em Roma e Milão - adotaram o chamado "Manifesto anti-anorexia", a fim de "impor um modelo de beleza saudável, solar, generoso e mediterrâneo".
O acordo proíbe contratar modelos menores de 16 anos e apresentar certificados médicos sobre a não existência de problemas alimentares.
A imagem da modelo francesa Isabella Caro, de 27 anos, feita por Toscani, autor por anos de impressionantes campanhas para a marca Benetton, convida a refletir sobre o atual modelo de beleza que domina o mundo feminino.
"Aplausos para Oliviero Toscani, sua campanha é muito eficiente", declarou a ministra para Assuntos Europeus, Emma Bonino.
A ministra da Saúde, Livia Turco, reiterou que aprecia e apóia a idéia do fotógrafo, o qual sacudiu o mundo nos anos 90 com suas fotos de doentes portadores de Aids.
A campanha, no entanto, foi criticada por médicos e associações de enfermos.
"Isso é fazer publicidade com os padecimentos dos doentes", comentou Emilia Costa, diretora de um centro de assistências para pessoas com problemas alimentares.
"Não sabemos o efeito que pode gerar essa propaganda", estimou Fabrizio Jacoangeli, endocrinologista.
O especialista teme que a campanha acabe por desencadear entre os jovens que sofrem de anorexia uma espécie de corrida para parecer em fotos e revistas de todo o mundo.

2-
http://www.labfoto.ufba.br/?p=1056
Oliviero Toscani faz campanha contra a anorexia
O conhecido fotógrafo italiano Oliviero Toscani, célebre por suas campanhas polêmicas para a Benetton, lançou no último dia 24 uma denúncia sobre a anorexia com a publicação de uma foto de uma menina nua e extremamente magra.
Apesar de chocante, a imagem nasceu com a proposta de ilustrar uma campanha publicitária italiana que alerta para os perigos da doença, que atinge 20% dos jovens, segundo dados internacionais. O anúncio, publicado no jornal
“La Repubblica”, inclui uma única palavra, “Não”, e é financiado pela marca de roupa italiana No-l-ita. A campanha foi lançada durante a semana de moda, em Milão.
“Há anos me ocupo do problema de anorexia. Quem são os responsáveis? No geral, os meios de comunicação, a televisão, a moda. Parece muito interessante que uma marca de roupa compreenda o fenômeno, tome consciência de seu papel e patrocine a campanha”, declarou o fotógrafo à imprensa local.
A campanha contra a anorexia também chegará às ruas, onde serão expostos enormes painéis, anunciou a ministra italiana da Saúde, Livia Turco.
No final de 2006, o governo italiano, a Federação da Moda Italiana e a Associação Alta Moda –que agrupa os estilistas italianos que apresentam suas coleções em Roma e Milão– adotaram o chamado “manifesto anti-anorexia”, a fim de “impor um modelo de beleza saudável, solar, generoso e mediterrâneo”.

3-
http://emlinha.blogspot.com/2004/10/benetton-denuncia-matana-de-primatas.html
Benetton denuncia matança de primatas em nova campanha publicitária!
A Benetton lançou recentemente uma campanha publicitária apelidada de "James e outros macacos" que denuncia a matança de gorilas, chimpanzés e orangotangos. Composta por fotografias assinadas por James Mollison, a campanha tem como protagonistas animais órfãos ou capturados em acções policiais contra o comércio ilegal de animais. Esta campanha com animais insere-se na linha de comunicação da Benetton, desenvolvida através do seu laboratório de criatividade, a Fabrica, que já produziu trabalhos para apoiar o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ou o SOS Racismo. Todo o projecto será transformado num livro com edição da Boot, editora inglesa. A iniciativa prevê ainda uma exposição no Museu de História Natural de Londres, em setembro de 2005. A campanha da Benetton será exposta nos outdoors das principais cidades do mundo.

4-
http://www.lxxl.pt/babel/biblioteca/toscani.html
Oliviero ToscaniConsiderações sobre um Intelectual-PublicitárioOliviero ToscaniPara quem não saiba, Oliviero Toscani (n. 1942) é um famoso publicitário italiano, autor dos célebres e polémicos outdoors da Benetton. «Ciao Mamma» é o título de um seu livro de carácter autobiográfico, onde poderemos seguir o riquíssimo itinerário intelectual do autor, mas onde também poderemos seguir um fio condutor unitário que exprime, das mais diversas formas, o conceito do artista-publicitário sobre o discurso da publicidade (Toscani, 1995). Discurso de altíssima actualidade e relevância, visto o universo sem limites em que intervém e os gigantescos recursos nele investidos. Por exemplo, na FIAT: todos os anos este grupo gasta cerca de 110 milhões de contos em publicidade. Ou na própria Itália: a despesa em publicidade, neste país, é igual à despesa para a investigação industrial, maior do que os investimentos estatais destinados à educação, infinitamente superior aos investimentos na saúde pública. Ou então: empresas há que gastam quase mais em publicidade do que na actividade empresarial própriamente dita. Mais: 80 por cento da facturação publicitária diz respeito a poucos sectores de largo consumo, com o objectivo de produzir quase sempre sugestões de carácter artificial ou ilusório em vez de informações úteis e verdadeiras.E é aqui que reside o outro núcleo polémico.A questão levantada por Toscani diz respeito à filosofia espontânea da publicidade convencional, que não transcende o mínimo denominador comum dos vulgares sentimentos ou impressões estéticas, que é conformista, que se limita a induzir competição com o produto congénere, do tipo «o meu produto é melhor do que o teu», em suma, que não transcende o puro discurso mercantil. Toscani, que no mesmo registo fustiga as agências publicitárias, elas próprias em busca desesperada de autopublicidade, opera uma ruptura com o senso comum publicitário, propondo uma publicidade radical, em sintonia com a própria filologia do conceito (coisa pública, bem público, transparência, interesse público, opinião pública), que, através de temas vitais, funcione como estímulo crítico como discurso autónomo sobre as grandes causas, embora promovido pela United Colors of Benetton, multinacional que decidiu, após anos de campanhas publicitárias convencionais, acabar com as agências publicitárias e «patrocinar», com esse orçamento, causas universais de grande valor moral. Foi assim que a relação da Benetton com a publicidade se remeteu à figura de simples patrocínio de grandes causas simbolicamente representadas em fotografias da autoria desse grande intelectual-publicitário que é Toscani e que abriu espaço para aquilo que poderíamos designar por pós-publicidade. SIDA, guerra, racismo, ecossistema, sexo, religião são os temas com que Toscani trabalha nas suas mensagens. Temas sempre apresentados de forma esteticamente muito intensiva e radical e em suporte fotográfico. De tal forma que provocam, sistematicamente, fortíssimas reacções provenientes dos mais variados sectores: críticas, anátemas, censuras, emoções. Quase sempre escândalo!Poderíamos dizer que Toscani, usando um meio tradicional como a fotografia, superou a fronteira da publicidade convencional, alterou radicalmente os seus esquemas de referência, levou a sua linguagem a um ponto tal que parece tê-la catapultado decisivamente para o plano de arte politicamente empenhada. Mas sem se ter deslocado dos espaços onde a publicidade convencional vive e convive, do seu suporte tradicional. Sobre a fotografia, diz Toscani, em Ciao Mamma: «para mim a fotografia tem a F maiúscula. Não a considero a parente pobre da pintura (...). A fotografia permanece, e permanecerá por muito tempo, o núcleo de partida da imagem moderna» (Toscani, 1995).Cromaticamente correcto!.«Ciao Mamma», bem poderia ser, de facto, a frase «assassina» da publicidade a um par de jeans: a fotografia de um jovem, munido apenas de um par de jeans e de uma escova de dentes enfiada no bolso detrás, que parte para essa grande aventura libertária da vida, deixando atrás de si a recordação dos momentos de afectuosa protecção maternal (Marion Graefin Doenhoff, 1995) . «Ciao Mamma! Na companhia de um membro da Família Unida Benetton» (ou de dois, se a escova de dentes também for produzida pela empresa) «parto com segurança e com valores de referência para essa grande aventura da vida, onde a comunidade certa é constituída pela equipa que veste a camisola do clube cromaticamente correcto Benetton!». Toscani, com efeito, tem vindo a conduzir, com enorme sucesso, à escala mundial, a publicidade da empresa italiana de vestuário, e derivados, Benetton. Com enorme sucesso, é verdade, pois já está presente em mais de cem países e declara um movimento de três biliões de marcos, mas também marcada por planetárias polémicas geradas pelo arrojo estético e moral, apesar de simples, das suas propostas publicitárias. A fórmula originária e genérica que funda e que está presente em todos os produtos publicitários é simplesmente fabulosa, United Colors of Benetton, aludindo - nem sequer subliminarmente -, evocando e decalcando o forte simbolismo contido na designação nacional americana, United States of America: o mesmo número de palavras, a mesma ordem, o mesmo início. A sugestão de uma mesma matriz. O mecanismo desencadeado por esta aproximação é o do funcionamento por analogia: sucesso, poder, liderança, afirmação. Efeito de estranheza.Toscani, partindo daqui, rompe com a fórmula publicitária tradicional - que tende dominantemente a envolver a mensagem directa com ambientes de matriz sentimental, romântica ou utópica - e cria efeitos simbólicos de choque, produz imagens que questionam, com uma radicalidade de ruptura, os grandes temas que atravessam a vida nas sociedades modernas: um padre que beija uma freira, a farda manchada de um soldado bósnio morto, um pássaro a boiar numa poça de petrólio derramado, um recém-nascido ensanguentado e ainda preso pelo cordão umbilical sob inúmeros preservativos que esvoaçam, cruzes de um cemitério, «Hiv positive», etc., etc.. «É claro que Toscani abala alguns tabus, mas a nudez que expõe é simplesmente humana», diz dele Thévenaz . «É exactamente esta a sua intenção: a objectividade ‘anti-sentimental’», sublinha este historiador de arte (Thévenaz, 1995). O anti-sentimentalismo constitui, com efeito, a marca de ruptura com a publicidade convencional, com o efeito de adesão sentimental ao produto, com a fantasia induzida pelo mecanismo da anestesia simbólica. O que ele propõe é, pelo contrário, a distanciação crítica, uma espécie de Entfremdungseffekt, de efeito de estranheza, de vaga ou longínqua inspiração brechtiana. Ou, muito simplesmente, um efeito de choque que provoque reflexão crítica induzida pela «vivacidade» da imagem proposta sob o «alto patrocínio» da Cores Unidas da Benetton.Todas estas são mensagens de ruptura radical, de oposição em relação a ordens ou desordens provocadas pelos poderes convencionais ou naturais: o poder religioso, a guerra e a agressão ambiental (neste caso originada pela guerra no Golfo), a questão demográfica, a SIDA. Trata-se também de mensagens com forte apelo emocional e psicologicamente desestabilizadoras para quem está habituado a ver a realidade com as lentes policromáticas dos romances cor-de-rosa publicitários e a quem é sugerido um subreptício cromatismo de sabor crítico.E, todavia, estas mensagens possuem uma fortíssima valência substantiva, tocam profundamente a sensibilidade existencial e colectiva, questionam-nos. Mas também é verdade que transportam consigo um «pecado» original, um indício pecaminoso, um indício de interesse privado em causa pública: o interesse na expansão comercial das Cores Unidas da Benetton, através da instrumentalização, com fins dominantemente lucrativos, de temas que tocam profundamente as sensibilidades individuais e colectivas e que possuem essencialmente uma valência pública. Não que o mercado seja pecaminoso. Mas, seguramente, porque, estando em jogo causas tão substantivas e determinantes para o futuro da Humanidade, parece ser justo exigir que estas causas se constituam como fins absolutos, assumam uma valência absoluta, isto é, não sejam referenciáveis a nenhum outro valor que não seja o que elas próprias evidenciam e exigem imperativamente. Pelo contrário, o que aqui se verifica é uma promiscuidade intolerável entre o que deveria ser moralmente absoluto e o que é, inapelavelmente, comercialmente relativo. Entre o que questiona a essência do que é justo socialmente e o que se revela tão-só comercialmente lucrativo.A Guerra do Golfo.Toscani terá dito que foi a Guerra do Golfo que o levou a formular o novo quadro em que passaria a formular a publicidade do futuro. A publicidade social e historicamente empenhada. Logo, um momento histórico único como fonte de inspiração e de responsabilidade planetária acrescida. Ele passou a querer mostrar «o que une e separa as pessoas», através da exibição intensiva dos grandes cinco temas da existência: o sexo, a religião, a raça, a vida e a morte. Sem mediações. Com uma técnica intencional de brutalização da comunicação. Provocando emoções fortes sobre o cidadão consumidor da publicidade de larga escala. A fotografia permanece para Toscani o núcleo de partida da imagem moderna, e nem sequer admite que a considerem como a parente pobre da pintura.O que, convenhamos, é esteticamente arrojado e audacioso em relação quer à pintura quer ao vídeo. A filosofia de Toscani revela-se, assim, através da estética da comunicação publicitária mediante fotografia, fortemente criativa, competitiva e esteticamente revolucionária. Volta a dar à fotografia algo que ela estava a perder em face destes poderosos adversários.
E a verdade é que este publicitário, com a sua mágica fórmula fotográfica, tanto discutida e posta em causa em todo o mundo, conseguiu ser talvez a peça fundamental do enorme empório que é hoje a Benetton. Uma empresa que fascina não tanto pelas formas e pelas cores que produz quanto pela imagem que de si mesma conseguiu criar. Como que a demonstrar que hoje a imagem é tudo e o produto nada. Ainda que alguns, aplicando a lógica do boomerang, já comecem a falar, com razão ou sem ela, de crise. Uma crise que se fundaria mais na derrocada de uma determinada fórmula publicitária do que na necessidade, bem mais prosaica, de agasalho e de culto da arte de bem vestir.A pós-publicidade. Toscani opera com uma distinção fundamental entre a publicidade convencional e aquilo a que chamo pós-publicidade: aquela idealiza e absolutiza as virtuais qualidades do produto; esta limita-se a associar, não o produto, mas a própria marca (United Colors of Benetton), às grandes causas, tal como nos são propostas pelo artista-publicitário, em suporte fotográfico e sob o pressuposto de que a fotografia se mantém como o núcleo de partida da imagem moderna. Não se comunica, pois, o produto ou os produtos, mas a marca. O que já constitui uma revolução em relação à publicidade convencional. Mas, depois, a própria comunicação publicitária é proposta de forma somente alusiva, onde a mensagem fundamental é uma grande causa social, totalmente autónoma em relação ao produto e à marca. Esta limita-se a aparecer associada, na medida em que se revela como simples patrocinadora. Diz Toscani: «mas se há um novo modo de fazer arte no mundo tecnológico de hoje, é precisamente aquele que não recusa a contaminação com a cultura de massas, da qual a publicidade é uma das expressões (...) mais visíveis». O conceito nem parece ser muito original: lembremo-nos, por exemplo, de Andy Warhol. Mas que a caminhada de Toscani o é certamente, foi testemunhado pelo Pasolini dos «Scritti Corsari» quando analisou o famoso slogan dos «Jeans Jesus» e o considerou como algo surpreendentemente inovador: «o seu espírito, disse então Pasolini, é o novo espírito (muito antecipado) da segunda revolução industrial e da consequente mutação dos valores». E estávamos em 1973, em plena era do slogan, quando Toscani ainda não se tinha desprendido completamente da lógica publicitária convencional. Mas, agora, que esta comunicação publicitária se reduz à forma do patrocínio e se fixa em temas ou causas de significado social, como o beijo entre um padre e uma freira, uma mulher negra que amamenta uma criança branca, uma recém-nascida (Giusy) com o cordão umbilical, um moribundo (David Kirby) de SIDA, uma nuvem de preservativos, as cruzes de um cemitério, a farda do soldado conhecido Marinko Gagro ensanguentada, agora, dizia, a inovação é radical, sendo certo que Pasolini poderia ver confirmado o seu diagnóstico de então.Num registo hiperrealista, um pouco cínico e sem pretensões de carácter conceptual, as questões que poderíamos pôr a Toscani são as seguintes. Vocês fazem este tipo de publicidade porque querem limpar a consciência? Porque têm uma moral dúplice? Porque querem redimir o mundo? Ou, simplesmente, porque o que pretendem é, tão-só, fazer com que falem da Benetton, para mais e melhor vender?Benetton não é um santo e a sua empresa não é um agência de causas morais. O analista também não é parvo. Mas o facto é que a sua publicidade assume esta forma diferente. Não fala de si nem dos seus produtos. Fala de grandes causas, provocando grandes escândalos, porque a sua linguagem em vez de estilizar e idealizar a sensibilidade comum, agride-a e fere-a, provocando reacções de carácter interactivo, isto é, acabando por transformar o destinatário num sujeito (re)activo. Assim, por mais pragmatismo que se esconda por detrás desta arte publicitária, não é possível deixar de antever fortes efeitos nesse mundo fantástico e tão poderoso que é o da publicidade.

5-
http://glsplanet.terra.com.br/business/biz4.htm
Benetton lança campanha gay através da Sisley
A Benetton USA, braço da Benetton Groups, acaba de lançar campanha retratando gays sob a marca Sisley. A campanha mostra, por exemplo a cena ao lado, onde um rapaz deitado 'direciona' a cabeça do outro vocês podem imaginar para onde... Ousado é o mínimo que se pode dizer sobre o anúncio e marca a estréia de uma campanha publicitária onde a Benetton, através da marca Sisley, lida diretamente com um tema homossexual.
Até hoje, a Benetton se limitava a brincar com o imaginário gay, através, por exemplo, do anúncio de 1995 à direita, veiculado na TV, onde a modelo lésbica Jenny Shimizu, tatuada e de cabelos curtos, dizia o seguinte: "você vai gostar mais do vestido do que do seu namorada - mas nem vamos começar a falar sobre isso" .
Outros designers já haviam lançado mão do recurso "quase-gay", como Calvin Klein, Gucci, Versace, Abercrombie & Fitch.A Benetton começou antes: em 1989, no auge da AIDS, ela fazia propaganda com homens tatuados com a palavra "HIV+". Em 1992, chegou a usar um homem já com AIDS avançada, deitado na cama, campanha pela qual recebeu inúmeras críticas da mídia. Agora, usa um recurso mais audacioso para promover sua marca Sisley, ainda pouco conhecida nos EUA.
Na europa, a Sisley já tem 1.000 lojas, enquanto no mercado americano ela só está presente há 2 anos, com 4 lojas em New York, Atlanta, Los Angeles e Washington. Já a Benetton começou nos EUA em 1980, com 175 lojas atualmente, algumas delas vendendo também a marca Sisley.
Recentemente, marcas como Banan Republic, Dolce & Gabbana e Diesel, também utilizaram casais GLS em suas campanhas publicitárias. E ficou lindo...